Viagem ao mundo do Chocolate
O cacau chegou à Europa nos primeiros anos do século XVI, trazido pelos conquistadores espanhóis. Mas foi apenas no século seguinte que se tornou realmente popular. A procura crescente levou então a que se estabelecessem plantações nas Índias Ocidentais – atuais Caraíbas – e nas colónias espanholas no continente americano.
Na sua origem, entre as civilizações pré-colombianas, o cacau era consumido como uma bebida, à qual se acrescentava baunilha e piripiri, especiarias nativas da mesma região dos cacaueiros silvestres. O valor do cacau era tal, que as suas sementes serviam ainda como moeda. Em 1828, o químico holandês Johannes van Houten inventou uma prensa capaz de separar a manteiga dos sólidos do cacau, obtendo assim o cacau magro. Surgiam assim novos produtos, entre os quais o chocolate em barra. Esta é, muito resumidamente, a história do chocolate.
Bélgica e Chocolate: uma ligação centenária
A história belga confunde-se praticamente com a do chocolate ou não tivesse sido o país uma colónia espanhola.
O Choco Story conta-lhe tudo. Este museu dedicado ao chocolate está à sua espera em Bruxelas, a poucos metros da famosa Grand-Place, e explora de forma divertida os mais de 5000 anos de história do cacau. Para além da exposição, o Choco Story convida a atividades como workshops, demonstrações de mestres chocolateiros e, como não podia deixar de ser, a um final feliz com a degustação.
Não muito longe do museu vai encontrar diversas lojas de renome, onde se irá perder entre os mais diversos e deliciosos chocolates. La Belgique Gourmande e a Bruyerre são dois desses verdadeiros templos, que oferecem uma boa relação preço-qualidade.
Barcelona: Capital espanhola do Chocolate
Desde a era dos descobrimentos que a economia de Barcelona está diretamente ligada ao chocolate. Era daqui que partia o cacau para o resto da Europa e foi também na cidade que surgiu a primeira oficina de transformação do chocolate bebível em produto sólido no final do século XIX. Estas e outras curiosidades estão em destaque no Museu de la Xocolata.
O mosteiro de Sant Agustí onde se encontra o museu tem uma relação próxima com o chocolate, já que no século XVIII o exército de Bourbon era um grande consumidor do alimento. O chocolate marcava presença todos os menus das academias militares, até ao pequeno-almoço, e fazia parte dos mantimentos no campo de batalha. Uma vez no museu, não pense em sair sem se deliciar com a degustação de chocolate com cava ou vinho. Uma experiência tão divertida quanto enriquecedora.
Outra paragem obrigatória para os adeptos do chocolate é a Casa Ametller, mesmo ao lado da Casa Batlló. O edifício modernista, que mantém o nome da família de chocolateiros que a detinha no início do século XX, oferece um tour inesquecível e ainda uma loja da qual é impossível sair sem presentes para família e amigos. Resta saber se conseguirão chegar aos destinatários.
Itália com sabor a Chocolate
O cacau chegou a Itália, mais precisamente à região da Toscana, pela mão do comerciante Francesco Carletti, no século XVII, que o vendia como ‘as sementes das Américas’. A produção do chocolate, essa começou em 1606, em Florença, Veneza e Turim.
Se não resiste a saber tudo sobre o chocolate, dê um salto até à Biblioteca Nacional Central de Florença, onde se encontram registos sobre o seu consumo. Mas nada como se deliciar com o fabrico local. Anote desde já a ida ao Rivoire na agenda. Este café literário, na Piazza della Signoria, é um símbolo de Florença e oferece um irresistível chocolate quente.
Já em Veneza, desfrute de um passeio de gôndola e deixe-se encantar pela Praça de São Marcos. E não se esqueça de parar numa loja (ou mais!) de chocolates para momentos inebriantes de degustação.
Caso o seu destino seja Milão, há uma gelataria que não pode deixar de visitar. Chama-se Cioccolati Italiani e fica bem perto do Duomo e da Galeria Vittorio Emanuele, dois dos ex-libris da cidade. Como o nome indica, o chocolate é a estrela, e com as mais diversas origens. Atrás do balcão, existe uma fonte tripla de chocolate; resista se conseguir.
Suiça, onde o Chocolate de leite é Rei
O que lhe vem logo à cabeça quando se fala em Suíça? Relógios, canivetes e… claro está, chocolate!
A região de Ticino foi pioneira na produção de chocolate no século XVII, tirando partido da fronteira com Itália, o que facilitava a passagem de mercadorias. Em 1875, Daniel Peter cria o primeiro chocolate com leite em pó na composição e tudo o resto é história e muito sabor.
Já ouviu falar da quebra do caldeirão? Trata-se de uma tradição da cidade de Genebra, que assinala um episódio ocorrido durante a invasão francesa do início do século XVII. Reza a história, que uma estalajadeira atirou caldeirões de sopa de legumes fervente sobre os soldados invasores que escalavam as muralhas da cidade, na noite de 11 de dezembro de 1602, matando alguns. A paz seria selada em 1603. Este ato heroico recebeu o nome L’Escalade e deu origem ao feriado de 12 de dezembro. Hoje, os tours por Genebra incluem uma cerimónia que o recriam, de nome a quebra do caldeirão. Claro que o dito é de chocolate e está recheado de marzipans em formato de legumes. Não falta ainda a bandeira da cidade.
Talvez lhe pareça estranho, mas a chegada do chocolate à Suíça foi relativamente tardia. Consta que tudo começou em 1679, quando o presidente da câmara de Zurique provou uma chávena de chocolate quente em Bruxelas e decidiu exportar a receita para o seu país. Hoje, a cidade é um verdadeiro paraíso para os amantes da iguaria, não faltando lojas para todos os gostos. Uma das mais afamadas é a Teuscher, uma chocolateira artesanal com mais de 80 anos de existência, que continua a manter-se fiel às receitas originais do seu fundador.
Bem no centro histórico de Zurique, a Teuscher oferece mais de uma centena de qualidades de bombons, com destaque para as trufas de champanhe, com recheio de Dom Perignon e cobertura de chocolate amargo.
O chocolate é um motivo mais do que suficiente para marcar uma escapadinha ou umas férias já este verão.
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