Cheira a Natal, é de Portugal!

De Trás-os-Montes ao Alentejo, são comuns os madeiros que queimam pela noite de 24 de dezembro adentro. Fogueiras de grandes dimensões que são ateadas nos átrios das igrejas e que reúnem e aquecem, ao seu redor, os fiéis que assistiram à Missa do Galo.

Em Trás-os-Montes, a tradição dos Caretos de Varge e Ousilhão animam as ruas nesta quadra, após a missa de Natal. Os rapazes da terra surgem mascarados de caretos, ao som dos seus chocalhos e de um gaiteiro com bombo e caixa. São atirados feno e água das fontes às pessoas que assistem, e as são raparigas são “achocalhadas”.

Descendo um pouco no mapa, na Região Centro do país, encontramos Alenquer. Uma pitoresca vila semeada numa encosta, que se afigura à disposição das pequenas casas na representação do presépio. Alenquer é mesmo a Vila Presépio, pois na encosta e em homenagem às vítimas das históricas cheias de 1967, no Natal é montado um presépio gigante que dá vida à localidade. Com um programa de atividades para pequenos e graúdos, Alenquer é paragem obrigatória nesta quadra.

Não podemos deixar de mencionar Óbidos, a Vila Natal. Dentro das muralhas do castelo, todos os anos, é realizado um grande evento dedicado a satisfazer as delícias dos mais pequenos, com oficinas de elfos e histórias sobre o Pai Natal. 

Na Ilha de São Miguel, nos Açores, encontramos a peculiar tradição de grupos de homens e mulheres em peregrinação, de casa em casa, em visita a familiares e amigos para degustar iguarias tradicionais. Para entrar é obrigatório perguntar: “O menino mija?”. Desta prática surgiu o tradicional licor da ilha com o mesmo nome.

Também na Madeira o Natal é celebrado com pompa e circunstância, sendo tradição os mercados de rua alusivos à época, presépios, concertos e o monumental espetáculo de fogo de artifício na Passagem de Ano.

Por todo o país descobrem-se luzes, festas e celebrações, mas o ex-líbris do Natal português encontra-se à mesa.

O famoso bacalhau cozido com todos (uma generosa posta de bacalhau cozido acompanhada de batatas, cenouras, verduras e ovos cozidos, tudo regado com azeite) é a estrela da consoada e o peru assado também já ganhou lugar em algumas ceias.  Contudo, consoante a zona do país, encontramos algumas variantes, tal como o polvo cozido com legumes no Minho, Douro e Trás-os-Montes, o cabrito assado nas Beiras e o borrego na zona do Algarve.

As sobremesas são a perdição e desde as rabanadas ou fatias paridas, aos sonhos ou filhoses, ao tronco de Natal, à lampreia de ovos, aos bolos-rei e rainha, à aletria, às azevias, passando pelo leite creme e os coscorões, o difícil é decidir por onde começar.

Quando chega o Natal, estes são alguns dos inúmeros doces que podemos encontrar facilmente em qualquer café, pastelaria ou restaurante e, certamente, à mesa de todos os portugueses.