Atrações culturais surpreendentes na capital do Senegal
Museu das Civilizações Negras
Inaugurado no final de 2018, o Museu das Civilizações Negras fica num edifício monumental situado em frente ao Grand Théâtre de Dakar. No seu interior estão expostas milhares de peças, “desde os restos dos primeiros hominídeos, que surgiram em África há vários milhões de anos, até às criações artísticas actuais”.
O acervo “expõe os avanços sociais e tecnológicos transmitidos pelas civilizações negras” por ordem cronológica, e é deveras interessante. No fundo, aborda diferentes aspetos da evolução dos povos africanos ao longo dos tempos, pelo que vale bem a visita.
Uma das peças em grande destaque no Museu das Civilizações Negras é uma enorme escultura de aço instalada no átrio central do museu. Chama-se A Saga do Baobá e é uma obra do artista haitiano Edouard Duval-Carrié.
Mural de Cheikh Anta Diop (Vhils)
Há um punhado de artistas urbanos portugueses cujo trabalho se distingue a nível mundial. Nomes como Vhils, Bordalo II ou Odeith exprimem, cada um à sua maneira, uma criatividade e originalidade sem limites.
Ora, Vhils (Alexandre Farto) tem uma obra na capital do Senegal, pelo que tinha de ir conhecê-la. Encontra-se no edifício do Institut Fondamental d’Afrique Noire da Universidade Cheik Anta Diop. E é precisamente Cheik Anta Diop – “um historiador, antropólogo, físico e político senegalês que estudou as origens da raça humana e cultura africana pré-colonial” – a personagem retratada no mural.
Apesar de já ter visto obras de Vhils mais impactantes, não dei por mal empregue o meu tempo. É, sem dúvida, outra das coisas a visitar em Dakar. Pelo menos para os amantes de arte urbana!
Aldeia das Artes de Dakar
Se há lugares que me surpreenderam em Dakar, a Aldeia das Artes foi seguramente um deles. Um hub criativo com três décadas de existência, que alberga cinco dezenas de artistas senegaleses e não só (disseram-me que, além de africanos, havia um artista argentino!), da pintura à escultura, passando por expressões menos convencionais.
Enquanto passeava pela Aldeia das Artes de Dakar, sentia estar numa mistura do bairro Christiania, em Copenhaga, com uma Lx Factory mais rudimentar. Não sei explicar, mas adorei a atmosfera criativa e irreverente do complexo Village des Arts. Ali respira-se liberdade. E isso é impagável.
Para além dos ateliers, no interior do complexo existe também uma moderna galeria que exibe obras de boa parte dos artistas residentes. Imperdível!
Mercado de artesanato Soumbédioune
Bem mais organizado (ou será turistificado?) do que o afamado Mercado Sandaga, o Mercado de artesanato Soumbédioune parece mais voltado para o turismo do que para os habitantes de Dakar. Pelo menos foi essa a sensação que me deu.
Ainda assim, vale a pena passar pelo Mercado de Soumbédioune, espreitar o artesanato disponível para venda e interagir com os criadores. Até porque fica a caminho do bairro Almadies, para quem montou base no plateau, o centro histórico da capital senegalesa. Eu gostei particularmente dos instrumentos de percussão que vi fazer ali mesmo.
Por Filipe Morato Gomes / Alma de Viajante